Derrocada das Big Tech ameaça permanência de emigrantes nos EUA

Para termos uma ideia da dimensão do problema, mais de 150 000 trabalhadores de tecnologia foram demitidos este ano, de acordo com uma contagem on-line

Os últimos meses têm sido muito difíceis para as pessoas que trabalham nas chamadas “Big Tech”. Após uma grande onda de contratações durante o início da pandemia da Covid-19, essas empresas precisaram desacelerar ou mesmo reverter as contratações.

 

Snapchat, Facebook, OnlyFans, Microsoft, Twitter, Netflix e mais empresas de tecnologia começaram a demitir trabalhadores em 2022. Agora, apenas algumas semanas em 2023, essas demissões parecem não abrandar de ritmo. Para termos uma ideia da dimensão do problema, mais de 150 000 trabalhadores de tecnologia foram demitidos este ano, de acordo com uma contagem on-line.

 

Segundo um estudo recente publicado pelo The Wall Street Journal, quase 80% dos trabalhadores de tecnologia demitidos conseguem novos empregos dentro de três meses após o início de sua busca. No entanto, três meses é muito tempo para muitos trabalhadores de tecnologia, especialmente aqueles que dependem de seu trabalho para obter um visto de trabalho.

 

Dados do governo dos EUA apontam que mais de 70% dos trabalhadores de tecnologia no Vale do Silício nasceram fora dos EUA, muitos deles são trabalhadores imigrantes com vistos H-1B, uma permissão temporária de trabalho para talentos especializados.

 

Os indianos detêm quase três quartos dos vistos H-1B e estão entre os grupos mais afectados pelas demissões em massa do sector, já que os vistos H-1B estão vinculados ao emprego. Aqueles que não conseguem encontrar novos empregos devem deixar os EUA dentro de 60 dias.

 

Na última década de contratações frenéticas de tecnologia e escassez aguda de trabalhadores, os portadores de vistos H-1B podiam tratar a ameaça de expulsão como teórica. As recentes despedidas de tecnologia tornaram essa possibilidade irritantemente tangível.

 

Os migrantes com vistos de trabalho estão em desvantagem quando se candidatam a empregos porque os vistos podem ser caros e complicados para os empregadores.

 

Esta derrocada tem preocupado muitos analistas, não apenas pelas semelhanças com outra crise do sector tecnológico, a do pontocom, que devastou a Wall Street no início dos anos 2000, mas também pelo facto de que a queda poderá ser mais do que conjuntural, ou seja, um sintoma da perda da bússola de crescimento das Big Tech.

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