O instrumento, que a Apple designou como 'neuralMatch', vai detectar imagens conhecidas de abuso sexual de crianças, sem desencriptar as mensagens das pessoas
A Apple apresentou nesta quinta-feira (5) uma nova ferramenta nos EUA que examina as fotos dos iPhones e verifica se as mesmas coincidem com imagens de abuso sexual antes de serem enviadas para o serviço de armazenamento iCloud.
A medida bastante elogiada pelos defensores destas e preocupações, foi também duramente criticada por diversos especialistas pela eventual utilização por governos que desejem controlar os seus cidadãos.
A empresa de Cupertino informou que a sua aplicação de mensagens vai passar a ter capacidade de identificar a avisar sobre conteúdos sensíveis, sem possibilitar à empresa a leitura das comunicações privadas.
O instrumento, que a Apple designou como 'neuralMatch', vai detectar imagens conhecidas de abuso sexual de crianças, sem desencriptar as mensagens das pessoas. Se for encontrada uma correspondência, a imagem vai ser vista por uma pessoa, que pode notificar a polícia se for necessário.
De lembrar que as empresas tecnológicas, como Microsoft, Google e Facebook, têm partilhado ao longo de anos 'listas negras' de imagens conhecidas de abuso sexual de crianças. A Apple tem também estado a inspecionar ficheiros guardados no seu serviço iCloud, que não está tão seguramente encriptado como as suas mensagens, em busca desse tipo de imagens.
A empresa tem estado sob pressão de governos e polícias para autorizar a vigilância de informação encriptada.
Alguns investigadores argumentaram que o instrumento pode ser usado para outros objectivos, como vigilância governamental de dissidentes ou contestatários.
Matthew Green, da Universidade Johns Hopkins, um dos principais investigadores em criptografia, manifestou-se preocupado com a possibilidade de utilização deste instrumento para controlar pessoas inocentes, enviando-lhes imagens banais, mas desenhadas para parecerem pornografia infantil, enganando o algoritmo da Apple levando ao alerta das forças policiais -- essencialmente controlando as pessoas. "Os investigadores têm sido capazes de fazer isso facilmente", disse.
A Apple foi uma das primeiras principais empresas a aderir à encriptação 'de-ponta-a-ponta', na qual as mensagens apenas podem ser lidas por quem as envia e quem recebe. Porém, há muito que as polícias pressionam para ceder a essa informação, de forma a investigar crimes como terrorismo ou exploração sexual de crianças.
Fonte: Financial Times
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André Manuel
André Manuel é um engenheiro eléctrico apaixonado por partilhar conhecimento e insights sobre o mundo da engenharia moderna. Formado em Engenharia Eléctrica pelo Instituto Superior Politécnico Alvorecer da Juventude (ISPAJ), André traz consigo uma sólida base académica e uma vasta experiência em diversos projectos da indústria. O seu olhar orientado para detalhes, combinado com a sua capacidade de comunicar ideias técnicas de maneira acessível, tornam as suas colunas valiosas para profissionais e entusiastas da engenharia eléctrica e não só. André Manuel é colunista do Portal da Tecangologies desde a sua fundação, e as suas colunas frequentemente exploram tópicos como energias renováveis, negócios, política, automação industrial entre outros.
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