EUA aprovam o primeiro medicamento para a doença de Alzheimer

Mas muitos cientistas consideram que o medicamento não funciona, ou que não há dados suficientes para que seja aprovado – foi o que considerou o comité consultivo independente da FDA que analisou este anticorpo

EUA aprovam o primeiro medicamento para a doença de Alzheimer

aducanumab

As autoridades sanitárias dos Estados Unidos aprovaram esta segunda-feira o primeiro fármaco para a doença de Alzheimer denominado aducanumab. Este é o primeiro novo medicamento para a Alzheimer aprovado nos últimos 18 anos e o primeiro que tem como objectivo atacar o processo da doença, e não apenas os sintomas da demência.

 

O fármaco elimina os depósitos no cérebro de uma proteína tóxica, chamada beta-amilóide, que se acumula no cérebro dos doentes de Alzheimer e que se julga que destrói os neurónios e causa demência, explica a publicação especializada STAT News. Não reverte os sintomas da doença, mas poderá atrasar a sua evolução. O novo medicamento é administrado por infusão a cada quatro semanas e ainda não é conhecido o preço.

 

Especialistas contestam a eficácia do fármaco

A aprovação do aducanumab não é recebido por todos como uma boa notícia, pois parte da comunidade científica considera que a Food and Drug Administration (FDA), a agência que regula o mercado dos medicamentos e alimentos nos EUA, não devia dar luz verde a este anticorpo monoclonal, por não estar demonstrado que tenha alguma eficácia para desacelerar um pouco o declínio cognitivo dos pacientes, que é o que se propõe fazer.

 

Muitos cientistas consideram que não há provas suficientes de que este medicamento da empresa Biogen funcione. Há dois anos, dois ensaios clínicos que estavam a dar resultados que se contradiziam um ao outro foram interrompidos na fase 3, a última. Um sugeria que uma dose alta do aducanumab, administrado por via intravenosa, podia fazer diminuir ligeiramente o declínio cognitivo; o outro não mostrava benefício nenhum. 

 

Em Março de 2019, a Biogen acabou por interromper os dois ensaios, depois de uma comissão independente ter dito que o medicamento não parecer ser eficaz. Mas esse não foi o fim deste medicamento. Em Outubro de 2020, a empresa anunciou que uma nova análise de um conjunto de dados maiores relativo aos dois ensaios mostrou que o anticorpo monoclonal poderia funcionar, se administrado numa dose mais alta – e assim se iniciou o processo outra vez.

 

Mas muitos cientistas consideram que o medicamento não funciona, ou que não há dados suficientes para que seja aprovado – foi o que considerou o comité consultivo independente da FDA que analisou este anticorpo monoclonal. Considerou que não havia provas suficientes de que este medicamento pudesse ajudar os doentes de Alzheimer e não recomendou a sua aprovação pela agência.

 

Vários especialistas consideraram que os dados disponíveis permitem não só duvidar da eficácia do tratamento, como mesmo que tenha alguma eficácia, não é tão significativa que ultrapasse os riscos de inchaço ou hemorragias no cérebro, que se verificaram nos ensaios clínicos, salienta o jornal New York Times. Representantes dos doentes, no entanto, dizem que atrasar o declínio cognitivo, ainda que por pouco, é significativo.

 

“Este produto, mesmo na melhor das circunstâncias, não será muito eficaz, e tem riscos de segurança significativos”, comentou com o jornal de Nova Iorque Caleb Alexander, membro do comité consultivo da FDA, médico internista, epidemiologista e especialista em eficácia dos medicamentos da Escola de Saúde Pública Johns Hopkins Bloomberg.

 

Indo contra o conselho dos seus peritos, a FDA optou por dar luz verde ao aducanumab, para tratar pessoas que estejam na fase inicial da doença de Alzheimer, ainda com poucos problemas de memória e nos processos de raciocínio. Mas a agência reguladora reconheceu que há poucas provas de que o medicamento tenha eficácia – por isso, a aprovação é condicional, e obriga a Biogen, o fabricante, a realizar um novo ensaio clínico.

 

Esse ensaio clínico pós-comercialização pode levar anos a completar, salienta o New York Times, e a FDA pode vir a retirar a autorização ao medicamento, se não se mostrar satisfatório. Mas, durante esse período, o medicamento estará em utilização, e com toda a probabilidade tornar-se-á uma valiosa fonte de rendimento para a empresa. Cerca de 30 milhões de pessoas sofrem da doença de Alzheimer em todo o mundo, e estima-se que esse número duplique até 2050. 

 

A negociação das acções da Biogen foi suspensa enquanto se aguardava a decisão da FDA nesta segunda-feira (07), mas as da farmacêutica japonesa Eisai, sua parceira, subiram 45%, diz o Financial Times.

 

 

Fonte: Blooberg

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André Manuel

André Manuel
André Manuel é um engenheiro eléctrico apaixonado por partilhar conhecimento e insights sobre o mundo da engenharia moderna. Formado em Engenharia Eléctrica pelo Instituto Superior Politécnico Alvorecer da Juventude (ISPAJ), André traz consigo uma sólida base académica e uma vasta experiência em diversos projectos da indústria. O seu olhar orientado para detalhes, combinado com a sua capacidade de comunicar ideias técnicas de maneira acessível, tornam as suas colunas valiosas para profissionais e entusiastas da engenharia eléctrica e não só. André Manuel é colunista do Portal da Tecangologies desde a sua fundação, e as suas colunas frequentemente exploram tópicos como energias renováveis, negócios, política, automação industrial entre outros.

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