Editorial: Estratégia energética do país

Uma resposta eficaz à ameaça das mudanças climáticas exigirá uma aceleração significativa das tendências históricas de descarbonização e diversificação de combustíveis

Em 2008, Angola aprovou a estratégia de longo prazo 2025 com o grande objectivo estratégico de se transformar num país próspero, moderno, sem pobres, e com uma inserção crescente na economia mundial e regional. A referida estratégia estabelece objectivos globais e pilares que representam importantes desafios que deverão nortear o desenvolvimento do sector eléctrico.

 

Volvidos 14 anos desde a sua aprovação, muita coisa mudou no cenário mundial. A consciência ambiental e a certeza de que o ecossistema, o ser humano e a sua subsistência estão intimamente relacionados mudou a forma como a energia é encarada.

 

Estado da energia em Angola

Em termos energéticos, Angola possui diversidade e quantidade. Além de possuir inúmeros jazigos de petróleo, detém um potencial hidroeléctrico notável e reservas de gás natural. Porém, o sector eléctrico de Angola não reflecte as riquezas energéticas que o país possui.

 

A título de nota, a taxa angolana de electrificação situava-se, no final de 2021, em apenas 42,7 por cento, de acordo com números divulgados pelo Ministério de Energia e Águas. Em Angola, a principal fonte de energia é hídrica que é obtida através das barragens.

 

Vale ressaltar que o país tem adoptado cada vez mais a utilização de energias renováveis, tanto a nível empresarial como para consumo residencial. Embora essas novas fontes de energia apresentam novas oportunidades de crescimento dentro do sector de energia através de tecnologias novas e inovadoras, existem vários desafios operacionais, nomeadamente:

• Barreiras financeiras: associadas à ausência de incentivos fiscais e maior possibilidade de financiamento para novos empreendimentos em energias renováveis;
• Barreiras de infraestrutura: que se centram na inflexibilidade do sistema para integrar ou absorver energia renovável;
• Falta de pessoal especializado: relacionado ao número insuficiente de trabalhadores qualificados;
• Barreiras ambientais: ligadas aos impactos externalizados pela adopção e aceitação (ou não) das energias renováveis no mercado.

 

Capacitação

Para prover a capacitação especializada nas várias áreas do petróleo, gás, mineração e energias renováveis, tais como hidrogénio verde, biocombustíveis, bem como minerais estratégicos do futuro, a Sonangol inaugurou, no passado mês de Maio, a primeira fase do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento (CDP).

 

Em síntese, uma resposta eficaz à ameaça das mudanças climáticas exigirá uma aceleração significativa das tendências históricas de descarbonização e diversificação de combustíveis.

 

Essa aceleração deve ocorrer globalmente. Ela não pode ser restrita aos países desenvolvidos, mas deve ser perseguida com igual ou maior vigor nos países em desenvolvimento. Por isso, é imperial que o país adopte medidas práticas para atingir metas globais de emissão zero, porque, uma vez ignoradas, podem desencadear mudanças climáticas perigosas.

Fonte: Tecangologies

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