Governo dos EUA defendem levantamento das patentes das vacinas contra a Covid-19

É uma mudança de posição justificada com a necessidade de aumentar a produção de vacinas globalmente. Até agora, os EUA opunham-se ao levantamento das patentes. Este é um primeiro passo, que implica ainda negociar os termos de um acordo

Governo dos EUA defendem levantamento das patentes das vacinas contra a Covid-19

Joe Biden- Presidente dos EUA

Os Estados Unidos anunciaram esta quarta-feira (05) que vão apoiar o levantamento de patentes das vacinas contra a covid-19, tal como prevê a excepção ao Acordo sobre Aspectos dos Direitos de Propriedade Intelectual Relacionados ao Comércio (TRIPS) em situações de emergência. O objectivo passa por acelerar o fim da pandemia, e surge depois de negociações com a Organização Mundial do Comércio (OMC).

 

A decisão foi anunciada por Katherine Tai, a representante dos Estados Unidos na reunião da Organização Mundial do Comércio (OMC) que decorreu nesta quarta-feira, na qual o assunto foi discutido. Até agora, os EUA opunham-se ao levantamento das patentes. Este é um primeiro passo, que implica ainda negociar os termos de um acordo.

 

“Esta é uma crise de saúde global, e as circunstâncias extraordinárias da pandemia de covid-19 exigem medidas extraordinárias”, disse Tai, citada pelo New York Times. “Esta Administração acredita na protecção da propriedade intelectual, mas apoia a isenção desta protecção para as vacinas da covid-19 em nome de acabar com esta pandemia.”

 

Este assunto tem andado a ser discutido na OMC desde Outubro, quando a Índia e a África do Sul apresentaram uma proposta para a isenção dos direitos de patente sobre as vacinas contra a covid-19 dada a situação de emergência pandémica. Estes dois países do Sul global pretendiam usar as suas fábricas para produzir localmente vacinas, multiplicando a capacidade mundial e contribuindo para corrigir as assimetrias que fazem com que a esmagadora maioria das vacinas tenha sido canalizada para os países ricos.

 

A Índia e a África do Sul são também países com capacidade de capacidade de produção de medicamentos – sobretudo genéricos. A Índia é a maior fabricante mundial de vacinas.

 

A sua proposta, feita ao abrigo da excepção ao Acordo sobre Aspectos dos Direitos de Propriedade Intelectual Relacionados ao Comércio, conseguiu o apoio de 164 países até agora – mas as decisões da OMC são tomadas por consenso, e alguns países têm resistido sempre a esta ideia. São sobretudo países com forte indústria farmacêutica: os Estados Unidos, até agora, a União Europeia, a Suíça, o Reino Unido, diz a Reuters. 

 

Mas a Administração Biden tem sido fortemente pressionada a mudar de posição. Tem havido uma campanha de 375 organizações não-governamentais, como os Médicos Sem Fronteiras, a favor da isenção, e a Organização Mundial da Saúde tem feito múltiplos apelos nesse sentido.

 

Mas esta semana foi publicada em vários jornais do mundo uma carta de ex-governantes e outras figuras destacadas, entre as quais o ex-primeiro-ministro britânico Gordon Brown, o ex-Presidente russo Mikhail Gorbatchov, ou os prémios Nobel arcebispo Desmond Tutu (Paz), Joseph Stiglitz (Economia), Orhan Pamuk (Literatura), entre muitos outros, apelando directamente ao Presidente norte-americano a que alterasse a posição do seu país.

 

A próxima reunião do conselho TRIPS realiza-se na segunda metade de Maio e haverá nova discussão a 8 e 9 de Junho, na qual o tema deve ser aprofundado. Os Estados Unidos participarão nestas discussões, anunciou Katherine Tai.

 

A entrada de uma nova directora geral na OMC, Ngozi Okonjo-Iweala terá sido decisiva para fazer avançar a organização. A nigeriana tinha incentivado os membros da OMC a negociar sobre a isenção, propondo o que chamou de “terceira via” – a transferência de tecnologia, voluntária, das grandes farmacêuticas, detentoras das patentes, para empresas com capacidade de produção noutros países.

 

 

Fonte: Jornal Público

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André Manuel

André Manuel
André Manuel é um engenheiro eléctrico apaixonado por partilhar conhecimento e insights sobre o mundo da engenharia moderna. Formado em Engenharia Eléctrica pelo Instituto Superior Politécnico Alvorecer da Juventude (ISPAJ), André traz consigo uma sólida base académica e uma vasta experiência em diversos projectos da indústria. O seu olhar orientado para detalhes, combinado com a sua capacidade de comunicar ideias técnicas de maneira acessível, tornam as suas colunas valiosas para profissionais e entusiastas da engenharia eléctrica e não só. André Manuel é colunista do Portal da Tecangologies desde a sua fundação, e as suas colunas frequentemente exploram tópicos como energias renováveis, negócios, política, automação industrial entre outros.

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